Compare Preços

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Chery QQ e Daewoo Matiz: qual é qual?



Lado a lado, é difícil identificar qual é qual. Chery QQ e Daewoo Matiz são tão parecidos que a General Motors(dona da coreana Daewoo) mantém uma ação na China contra a Chery, sobre plágio. Segundo a empresa, ambos possuem “carrocerias, design e componentes fundamentais idênticos”. Para provar a tese, instalaram a porta de um no outro sem nenhum problema, evidenciando que se tratava de produto copiado não apenas na forma, mas também nas dimensões. Nem precisavam ter tido tanto trabalho. Basta olhar um e outro para ver que eles têm muito mais semelhanças que diferenças.
O estilo do Matiz (posteriormente adotado pelo QQ) foi desenvolvido originalmente por Giorgetto Giugiaro para o conceito Lucciola, protótipo baseado no Fiat 500, e que não foi aproveitado pela marca italiana. Daí o visual simpático de ambos, com seus faróis arredondados que realmente remetem ao Fiat 500, especialmente quando vistos de relance. Já a traseira é mais convencional, e lembra modelos como o antigo Subaru Vivio, que chegou a ser vendido no Brasil no começo dos anos 90.
 Fabio Aro
Chery QQ está à venda no Brasil por R$ 23.990, preço que inclui ar-condicionado, duplo airbag, faróis de neblina, trio elétrico e som com entrada USB, entre outros itens. Em comparação, o Fiat Mille custa R$ 23.490, sem nada disso. Assim, o chinesinho atrai a atenção não só do público, mas também dos concorrentes. É aí que entra o Daewoo Matiz. O compacto de origem coreana ainda não está à venda, mas pode chegar ao mercado em cerca de seis meses. O importador, que por enquanto prefere o anonimato, diz que seu preço será mais alto (em torno de R$ 25 mil), mas garante se tratar de um produto superior.
Confrontados, além das semelhanças eles exibem também muitas diferenças no que diz respeito à qualidade de montagem e acabamento. No Matiz, as folgas da carroceria são lineares. No QQ, a distância entre as peças é exagerada e irregular. O capô, por exemplo, estava bem desalinhado na unidade testada, com um lado muito mais aberto que o outro. A mesma folga pode ser constatada na tampa traseira e nas portas.
 Fabio Aro
Andando, nota-se que o QQ (“fofinho”, em chinês) também tem muito a evoluir. A suspensão mole faz o veículo oscilar demais após passar por alguma irregularidade do piso, o que transmite sensação de instabilidade. Os dois têm as mesmas características técnicas, como as rodas pequenas (aro 13), os pneus finos (155/65) e o entre-eixos curto (2,34 m). Mas o acerto de suspensão é totalmente diferente. Enquanto o QQ balança muito e chega a passar insegurança, o Matiz é mais firme. A origem pode explicar um pouco a diferença de comportamento: oChery vem da China, país onde os carros tradicionalmente são mais macios. Já o Daewoo Matiz, que deverá ser importado para o Brasil, é produzido no Uzbequistão, e traz um acerto mais firme, mais voltado para o gosto europeu (e brasileiro).
A mesma crítica vale para os freios. Embora o ABS seja de série, o QQ apresentou fading (superaquecimento) durante as provas de frenagem, o que aumenta a distância de parada. Outro ponto negativo é a falta de modulação do pedal. Até o meio do curso o pedal é leve e não faz nenhum efeito. O sistema só entra em ação no final do curso do pedal. O Matiz testado não estava com ABS. Precisou de mais espaço até parar completamente, mas não apresentou sintomas de fading, e tem melhor modulação de pedal, transmitindo mais sensibilidade.
Fabio Aro
O motor 1.1 de 16 válvulas e comando duplo do QQ não decepciona. Embora tenha potência contida (68 cv), o QQmostrou bom desempenho, enfrentando rampas inclinadas com fôlego convincente. Contribui para isso o baixo peso: apenas 890 kg. A prova de 0 a 100 km/h, em 14,6 segundos, é outro bom indicador. A alavanca de câmbio tem longo curso entre as marchas, mas de bons engates. O que incomoda um pouco é o ruído da transmissão, que invade a carroceria. O Daewoo é mais silencioso.
No Matiz, o motor é menor (800 cm3), tem apenas três cilindros e rende 51 cavalos. Na pista, a aceleração de 0 a 100 km/h foi feita em 19,8 segundos. Da mesma forma, as retomadas também são mais lentas. No entanto, ele dá o troco no quesito economia. Na estrada, o consumo foi quase idêntico (15,9 km/l no Matiz; 15,7 km/l noQQ), mas na cidade o modelo da Daewoo leva clara vantagem: fez média de 15,4 km/l, contra 12,9 km/l no QQ. Note que ambos são automóveis tipicamente urbanos: foram muito econômicos na cidade (especialmente oMatiz), mas não mostraram economia excepcional na estrada. Isso ocorre porque, para andar a 120 km/h, motores de baixa cilindrada precisam de rotações maiores, e aí parte da economia obtida nos centros urbanos se esvai. Isso explica o consumo urbano e rodoviário muito próximos, no caso do Matiz.

Fabio Aro
O painel digital dá um aspecto de modernidade ao pequeno QQ, mas o funcionamento também deixa a desejar. Como na mecânica, falta refinamento ao sistema. O velocímetro é muito impreciso e demora a responder. Exemplo: o carro para bem antes de o velocímetro chegar ao “0”. Nas provas de frenagem, a falha era ainda mais evidente: o QQ parava completamente e o velocímetro ainda estava em cerca de 30 km/h. O Matiz tem mostradores convencionais, analógicos, e hodômetros mecânicos.
Internamente, o QQ deixa expostos vários parafusos, evidenciando falta de cuidado com questões de aparência. No Matiz, há um pouco mais de atenção com o revestimento. O carpete do porta-malas, por exemplo, é menor que o espaço a ser coberto. O chinês tem bom preço, mas precisa melhorar em muitas coisas. Falta copiar a qualidade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário